Rooftop Urban Gardening pests - aphids in chilli peppers - afídeos (pulgões) nos piripiris

Red Hot Chilli Pulgões – Uma praga persistente no terraço da Agricultora

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durante a maior parte do verão, quase não tive pulgões nas minhas plantas. No entanto, mal as temperaturas começaram a baixar, numa altura em que pensei estarem quase todos os habitantes do terraço a hibernar, deparei-me com uma invasão – principalmente nos piripiris e numa das minha roseira anãs.

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Os pulgões, ou afídeos, são insetos sugadores de seiva que prosperam em microclimas frescos e abrigados. Infelizmente, é exatamente esse o tipo de ambiente onde os meus piripiris passam esta época do ano. Para meu espanto, depois de estudar um pouco sobre estes insetos, aprendi que as colónias de pulgões podem não só sobreviver, como reproduzir-se abundantemente no inverno se as condições ambientais o permitirem. Nesta estação do ano costumam preferir plantas em recessos virados a Sul, em varandas fechadas ou em estufas.

rug post 13 aphids roses
rug post 13 black soot tomatoes

Quais os problemas associados aos pulgões?

Estes insetos furam a cutícula e tecidos subjacentes das plantas e alimentam-se de seiva. Eles preferem normalmente zonas com rebentos novos, e a sua atividade leva à formação de folhas distorcidas, enroladas e à fragilidade de ramos novos impactando o crescimento normal das plantas. Apesar de raramente a sua atividade matar as plantas que invadem, os pulgões podem transmitir viroses especialmente a morangueiros, à família das cucurbitáceas (pepinos, abóboras, curgetes, melões e melancias) e a tomateiros.

Paralelamente os pulgões produzem uma substância pegajosa enquanto se alimentam e que se deposita nos ramos e folhas, o qual propicia o crescimento de um bolor negro, a fumagina. Quando a infestação é ligeira, as folhas parecem sujas, como se estivessem cobertas por uma camada fina de pó. No entanto, se as populações de pulgões não forem controladas, a fumagina acaba por formar uma película escura sobre os ramos e as folhas impedindo a fotossíntese e diminuindo o seu vigor.

É relevante referir que as formigas “cultivam” os pulgões, e protegem-nos dos predadores, para obter esta fonte de açúcar. Se reparares numa zona com atividade intensa de formigas no teu terraço, segue-as… normalmente encontrarás uma planta “cultivada” como colónia de pulgões.

= Nota Importante =

Os pulgões fazem parte dos ecossistemas naturais e servem de alimento a muitas espécies benéficas. Eles não precisam de ser eliminados só porque são considerados pragas. Em ambientes naturais, as relações entre predadores e presas tendem a estabilizar por si próprias. Porém num terraço esse equilíbrio raramente existe — pelo menos até o ecossistema amadurecer e eu conseguir “estabilizá-lo” com predadores residentes em número suficiente.

Mas como é que os pulgões sobrevivem durante o inverno?

De acordo com a RHS, os pulgões sobrevivem o inverno como adultos ativos em áreas protegidas ou climas moderados. Algumas espécies conseguem mesmo completar todo o ciclo de vida em locais protegidos como em estufas. Os adultos alados depositam as ninfas nas folhas e ramos e desaparecem. As ninfas alimentam-se e reproduzem-se por partenogénese (sem cópula). Cada fêmea colonizadora pode originar cerca de 40 a 60 filhas, cada uma das quais é capaz de iniciar um novo ciclo reprodutivo cerca de 7 a 10 dias depois dependendo da temperatura e disponibilidade de alimento. É por causa desta capacidade reprodutiva exponencial que parece que os pulgões aparecem do nada.

rug post 13 aphids nymphs roses

= Nota =

É também possível que parte deste surto de inverno se tenha devido simplesmente à ausência de predadores. O equilíbrio do ecossistema no meu terraço depende das aranhas, moscas-das-flores e outros pequenos guardiões, no entanto a sua atividade abranda, ou pára, quando as temperaturas descem. Com menos olhos (e pernas) de patrulha, os pulgões tiveram a janela perfeita para se instalarem sem serem notados. Fica a nota de que o inverno afinal não é altura para diminuir a vigilância — pois, por vezes, é precisamente nesta altura que as pragas se tornam mais atrevidas.

As minhas primeiras tentativas de erradicação dos pulgões

rug post 13 aphids under leaf

Remoção Manual

A minha primeira tentativa de erradicar esta peste foi mesmo por esmagamento! Bárbaro… eu sei mas entre a sobrevivência das minhas plantas e estes pequenos seres… ganharam as plantas. Também tenho noção de que esta técnica funcionou porque as minhas plantas são relativamente pequenas, relativamente poucas e na altura (férias de verão) eu tinha tempo para me entreter a caçar e exterminar os pulgões… ao estilo Schwarzenegger no Terminador Implacável… I’ll be back!!!

Nota importante, apercebi-me a determinada altura de que os pulgões saltam, ou deixam-se cair, dos ramos e folhas quando se sentem ameaçados, provavelmente para voltarem a subir logo a seguir… não tenho a certeza pois não esperei para confirmar. Para evitar isso, passei a catar as minhas plantas com o vaso inclinado ou mesmo deitado perto do ralo do terraço, de forma não só a evitar que saltassem para outras plantas, como para poder dar-lhes uma mangueirada para fora do terraço.

Li em blogs que alguns jardineiros aplicam jatos de água a alta pressão para deslocar os pulgões. Não pus em prática essa técnicas não só pela limitação de espaço mas também porque considerei que provavelmente ia mais depressa contaminar outros vasos do que conseguir repeli-los, fica a dica para jardineiros com mais espaço.

Em relação a estas técnicas fica apenas o aviso de que é necessário repetir o processo semanalmente, pois tal como disse acima, os pulgões conseguem reproduzir-se e multiplicar-se em cerca de 7 a 10 dias.

Controlo de Formigas

No meu caso não tive os pulgões associados a formigas, elas estavam bem mais entretidas com os morangueiros. Mas tal como referi acima, o líquido açucarado libertado pelos pulgões (e outras espécies afins) é altamente cobiçado pelas formigas. Estas tratam os pulgões como se se tratasse de uma produção agrícola animal, transportando-os para outros ramos ou outras plantas ao mesmo tempo que os defendem de predadores. Por isso atenção, se descobrirem uma trilha de formigas muito ativa, sigam-na e verão que encontram uma dessas “produções” em franca expansão.

Barreiras físicas

Desde que me mudei para o centro da cidade ainda não recorri ao uso de bandas colantes ou mesmo de cola para controlo das pragas. Verdade seja dita, as minhas plantas ainda são de muito pequena dimensão e tive mais medo de matar as espécies “protetoras” do que necessidade de controlar os intrusos. No entanto, no próximo ano, sou capaz de voltar à minha antiga técnica de colocar um anel de cola à volta da parte mais inferior do tronco das árvores de forma a impedir a subida de pragas a partir do vaso. Espero desta forma não afetar zona da copa e deixá-la protegida para o meu exército de aranhas.

Predadores naturais

Para além do meu exército de aranhas – que faz um trabalho exemplar, muito obrigada! – é possível atrair outras espécies predadoras e benéficas ao terraço. No entanto, estas estratégias passam por plantar uma série de flores que as atraiam e portanto é preciso um planeamento prévio que ainda não consegui implementar. Vamos ver para o ano. Alternativamente há quem compre larvas ou adultos de espécies predadoras, como por exemplo joaninhas. Confesso que andei a pesquisar e quase me senti tentada mas acabei por não o fazer, fiquei com receio que não houvesse presas suficientes para as sustentar. Talvez compre na próxima primavera, dependendo de quão (in)eficaz foi o meu último controlo de pulgões.

rug post 13 spider under curled leaf
rug post 13 discarded aphid infested chillies

A minha “mezinha” picante com óleo de Neem

A segunda estratégia que implementei – e que funcionou durante várias semanas – foi a aplicação da minha mezinha picante e caseira a cada 7 a 10 dias ao final da tarde. Por respeito às minhas aranhas, normalmente borrifava uma ou duas vezes as plantas a precisar de tratamento, para dar oportunidade às aranhas para mudarem temporariamente de território. Era vê-las apressadas, teia fora, em direção oposta à minha. Passados uns minutos aplicava “generosamente” (aka encharcava) as plantas com a mezinha, especialmente nas zonas terminais e por baixo das folhas. Nas 24h seguintes, as plantas ficavam em “isolamento” longe das demais para evitar a migração dos potenciais sobreviventes para outros vasos. Tanto quanto consegui aperceber-me, esta técnica não teve um impacto considerável tanto sobre a população de aranhas, que um dia ou dois depois já tinham regressado à origem, como sobre os polinizadores esporádicos.

RUG post 12 banner "a invasão"

Na semana passada, a última de novembro, quando tudo parecia finalmente calmo, descobri a maior infestação de pulgões que já tinha visto! Claramente eu tinha baixado a guarda e sem o controlo dos predadores habituais, os meus piripiris pareciam uma colónia de férias para pulgões. Perdi a cabeça e tomei uma atitude radical: poda agressiva!

Esperei por uma aberta da chuva, coloquei os piripiris lá fora e removi todas as folhas e caules secundários ou terciários (dependendo do grau de infestação) dos piripiris. Quando terminei esta ronda ainda tinha luz suficiente para fazer uma inspeção às plantas que permanecem no terraço e ainda descobri um ramo de roseira com uma extensa colónia… que também eliminei. Agora só me resta esperar e continuar a monitorizar os piripiris na esperança de não os ter matado!

rug post 13 pruned chilli peppers
rug post 13 discarded aphid infested leaves

Como Prevenir Futuros “Surtos”

Enquanto espero (pacientemente) pela primavera tenho-me dedicado a procurar formas naturais de controlar esta praga. Algumas fontes sugerem a utilização de superfícies refletoras pois parecem atrasar o processo de colonização. As soluções que encontrei incluem a colocação de papel de alumínio sobre a terra dos vasos, pintar os pratos ou a borda dos vasos de cinzento prata ou pendurar círculos refletores (tipo CDs… para quem ainda se lembra do que é) nos ramos das árvores. Fica a dica.

E agora?

No Red Hot Chilli Pulgões – Uma praga persistente no terraço da Agricultora vimos que os pulgões são uma praga comum no inverno, mas isso não quer dizer que as plantas vão morrer. Se estiverem saudáveis e vigorosas, os pulgões deixam de ser um desastre para serem apenas uma fonte de irritação.

E vós? Já sofreram um “ataque” de pulgões? Partilhem como resolveram o problema, adorava saber!

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